“História a História – África” é uma série documental, com uma visão integrada e transversal sobre a relação de Portugal com o continente africano. Pela mão de Fernando Rosas, visitamos os espaços mais simbólicos e marcantes da História do antigo Império Português desde o final do século XIX até às independências das ex-colónias. Uma oportunidade única para ficar a conhecer alguns dos episódios desta História, como nunca antes foi contada.
equipa
autor e apresentador FERNANDO ROSAS realizador BRUNO MORAES CABRAL diretora de produção HEMI FORTES diretor de fotografía CARLOS ISAAC diretores de som QUINTINO BASTOS & OLIVIER BLANC assistente de realização NUNO MILAGRE editores CLAÚDIA RITA OLIVEIRA & FRANCISCO COSTA produção TILA CAPPELLETTO, RAQUEL BAGULHO & ANA CRISTINA CÂMARA desenho gráfico JOÃO M. LEMOS motion designer CARLOS MAGALHÃES assistente de imagem e pós-produção ALEJANDRO FORTES sound designer MIGUEL MORAES CABRAL música original e mistura de som BILLY BOOM assistente de investigação MARIA JOSÉ OLIVEIRA pesquisador iconográfico FRANCISCO BAIRRÃO RUIVO
SÉRIE DOCUMENTAL “HISTÓRIA A HISTÓRIA – ÁFRICA”
UMA TEMPORADA INTEIRAMENTE DEDICADA AO CICLO AFRICANO DO IMPÉRIO
Com autoria do historiador Fernando Rosas e produção da Garden Films, “História a História” regressa aos ecrãs, desta vez exclusivamente dedicada à história colonial portuguesa em África.
Filmada em Angola, Moçambique, Cabo-Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, esta segunda temporada começa nas guerras de ocupação e nas “campanhas de pacificação”, no século XIX, e atravessa diversas dimensões da história imperial portuguesa: as políticas coloniais da Primeira República e do Estado Novo; os projectos de povoamento branco; as diferentes formas de exploração da mão-de-obra nativa e as políticas segregacionistas; as atrocidades cometidas pela PIDE nos territórios africanos; a manutenção da escravatura; os massacres não reconhecidos oficialmente; a origem dos movimentos de libertação; as grande obras do império em Moçambique e Angola; a Guerra Colonial; a organização das lutas armadas; a insurreição dos colonos; o retorno.
“História a História – África” é o resultado de dois anos de trabalho de investigação própria, recolha de materiais iconográficos e documentais, escrita dos guiões e gravações em África. Ao longo de 13 episódios serão abordados temas inéditos em televisão e mostrados locais de difícil acesso.
A partir de 15 de Outubro, às 21 horas, na RTP2 e na RTP África, “História a História – África”.
fernando rosas
Fernando Rosas (Lisboa, 1946) é professor catedrático jubilado no departamento de História da Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Investigador no Instituto de História Contemporânea da mesma instituiçãoo, do qual foi fundador e Presidente da Direção entre 1994 e Fevereiro de 2013.
Entre 1994 e 2007, dirigiu a revista História. Foi deputado da Assembleia da República pelo Bloco de Esquerda em 2000 e 2001 e de 2005 a 2010.
Publicou variadíssimas obras como autor, dirigiu, coordenou e é coautor de muitas outras nas áreas da sua especialidade: História do século XX e a História do Estado Novo. Entre elas: As primeiras eleições legislativas sob o Estado Novo: as eleições de 16 de Dezembro de 1934, (1985); O Estado Novo nos Anos 30.Elementos para o Estudo da Natureza Económica e Social do Salazarismo (1928-1938), (1986); O salazarismo e a Aliança Luso-Britânica: estudos sobre a política externa do Estado Novo nos anos 30 a 40, (1988); Salazar e o Salazarismo (coautor), (1989); Portugal Entre a Paz e a Guerra (1939/45), (1990); Portugal e o Estado Novo (1930/60), (coautor), (1992); História de Portugal, vol. VII – O Estado Novo (1926/74), (1994); Dicionário de Histôria do Estado Novo, (dir), (1995); Portugal e a Guerra Civil de Espanha, (coord.), (1996); Salazarismo e Fomento Económico, (2000); Portugal Século XX: Pensamento e Acção Política, (2004); Lisboa Revolucionária, Roteiros dos Confrontos Armados no Século XX, (2007); História da Primeira República Portuguesa, (co-coordenador), (2010); Salazar e o Poder. A Arte de Saber Durar (2012); Estado Novo e Universidade. A perseguilão aos Professores, (coautor), (2013); História e Memória. “Ultima Lição” (2016). Ganho o prémio Pen Club de Ensaio pelo livro Salazar e o Poder. Recebeu a Medalha de Mérito Científico do Ministério da Ciência e da Tecnologia em 2017. Foi agraciado com a Ordem da Liberdade.
Em 2015 estreia a série História a História na RTP como autor e apresentador, História a História – África é a segunda temporada da série de televisão onde continua como autor e apresentador.
Episódios
01. AS GUERRAS DE OCUPAÇÃO
O moderno colonialismo começa com a corrida pela partilha de África entre os impérios e países coloniais europeus. Proibido o tráfico de escravos, tratava-se de ocupar militar e administrativamente os territórios e de os explorar economicamente em novos moldes.
É o início do ciclo africano do Império.
02. DIAMANG UM ESTADO DENTRO DO ESTADO
A DIAMANG foi a maior companhia colonial do ciclo africano do Império e um dos cinco maiores produtores de diamantes do mundo. Em meados dos anos 50, ocupava na Lunda em Angola, o equivalente a quase um terço da superfície de Portugal Continental. Governava com poderes majestáticos uma população de 80 mil pessoas.
Era um Estado dentro do Estado.
03. O IMPÉRIO DE SALAZAR
A Ditadura Militar e o Estado Novo herdaram o património colonial da Monarquia e da República liberais. Acentuaram a discriminação racial com o Estatuto do Indígena. Estenderam a imposição do trabalho forçado e liquidaram os derradeiros focos de resistência nativista.
Para os povos de África pouco mudava, a não ser para pior.
04. NORTON DE MATOS EM ANGOLA
O general Norton de Matos foi dos mais importantes e controversos ideólogos estrategos do colonialismo português na primeira metade do século XX. A sua fama vem, não só do seu currículo colonial, mas de uma notável carreira política, tanto durante a primeira república como na oposição à ditadura militar e ao Estado Novo.
Indiscutivelmente, uma das figuras politicamente mais marcantes da primeira metade do século XX português.
05. OS CÁRCERES DO IMPÉRIO
A produção historiográfica sobre as actividades da polícia política portuguesa nas colónias, antes e depois do início da guerra colonial, é quase inexistente. À excepção de trabalhos e investigações pontuais, a omissão seria quase total, como se o caso tivesse sido encerrado.
Mas no labor contínuo da história não há casos encerrados.
06. O COLONATO DO LIMPOPO
Após II Guerra, o Estado Novo vai reproduzir em África a típica aldeia portuguesa, transportando o mundo rural dos camponeses pobres portugueses para as colónias. A maioria deles tão pobres como a maioria dos camponeses africanos com quem conviviam.
Os Colonatos do Limpopo em Moçambique e da Cela em Angola são dois grandes exemplos deste processo.
No fim do regime, a industrialização colonial seria entendida como verdadeiro motor do povoamento. Era inevitavelmente tarde.
07. O MASSACRE DE BATEPÁ
A tentativa de forçar a população nativa de São Tomé e Príncipe para trabalhar como serviçais contratados nas roças vai estar na origem do massacre de Batepá ou guerra da Trindade.
Um acontecimento que mostra a natureza do colonialismo português e até que extremos de violência ela era capaz de ir em caso de desafio e de revolta por parte das populações que dominava.
08. CASA DOS ESTUDANTES DO IMPÉRIO
A Casa de Estudantes do Império é um típico exemplo desses episódios de ironia da História em que o feitiço se vira contra o feiticeiro.
Criada em 1944 sob a benção da Mocidade Portuguesa e a tutela do Ministério do Ultramar, para controlar e formar estudantes universitários oriundos das colónias sob a ideologia e as prioridades políticas do “Império”, a Casa seria o principal foco de agitação proto-nacionalista e anti-colonialista na metrópole.
09. ANGOLA 61. O INÍCIO DO FIM
Angola, a jóia da coroa do sistema colonial português e representação mítica da prosperidade futura, viveria entre entre finais de 1960 e os primeiros meses de 1961 a revolta dos camponeses do algodão na Baixa do Cassange, o assalto dos nacionalistas angolanos às cadeias de Luanda e o levantamento no norte do território.
Começaria em África aquilo que foi para os portugueses uma guerra colonial de 13 anos e, para os angolanos e depois para os outros povos das colónias, as guerras de libertação nacional.
10. CAHORA BASSA
Num local de difícil acesso onde o rio Zambeze corre apertado, numa secção estreita e profunda, cujo nome na língua local quer dizer “acabou trabalho” para significar a barreira natural que o rio impõe ao homem, aí se construiu a barragem de Cahora Bassa, o segundo maior complexo hidroelétrico de África e um dos maiores do mundo.
A sua história de luta e de esperança é um pouco a da luta do povo moçambicano pela sua independência e progresso.
11. DO “MAR VERDE” A MADINA DO BOÉ
O fiasco da operação “Mar Verde”, um projecto megalómano e abertamente ilegal do ponto de vista da lei internacional, vai ter o seu desenlace simultaneamente trágico e desesperado com o assassinato de Amílcar Cabral, a 20 de Janeiro de 1973, em Conacri.
A 24 de Setembro de 1973 a Assembleia Nacional Popular, reunida em Madina do Boé, sob convocatória do PAIGC, aprova a Declaração Unilateral de Independência da República da Guiné.
Três momentos fundamentais e intensamente interligados da História da luta armada dos movimentos de libertação nacional, na Guiné-Bissau.
12. A REVOLTA DO RÁDIO CLUBE
Na manhã do dia 7 de Setembro 1974, dia em que é assinado o acordo que será chamado o “Acordo de Lusaka” e que reconhece o direito do povo de Moçambique à sua independência, estala na antiga cidade de Lourenço Marques a revolta dos colonos brancos, ou seja, a revolta do Rádio Clube.
Aos microfones, os rebeldes denunciam o Acordo de Lusaka.
Depois de muita violência e vários dias de impasse, só o comando GALO, um grupo de ativistas do mítico bairro da Mafalala, conseguirá silenciar o Rádio Clube e evitar a tragédia maior que se previa a cair sobre a cidade.
13. O RETORNO
Entre 1974 e 1976 regressaram ou fugiram para Portugal 500 a 700 mil colonos das ex-colónias portuguesas. Só em 1975 chegou meio milhão de pessoas, 61% das quais de Angola e 34% de Moçambique. Foi o maior movimento migratório registado na História do país e um dos maiores registado na Europa do pós-guerra.
Apesar das tremendas dificuldades por que passaram a maioria dos retornados, das incompreensões, das desconfianças e das dificuldades iniciais, este é um indiscutível caso de sucesso. Um dos mais importantes sucessos da jovem democracia portuguesa.
LOCALIZAÇÕES
6 países, 2 oceanos, mais de 57.000 km percorridos na procura dos locais da história.
GALERÍA
ANGOLA
CABO VERDE
GUINÉ-BISSAU
LISBOA
MOÇAMBIQUE
SAN TOMÉ E PRÍNCIPE